Por título, Vitor sonha com Cruzeiro de 96

Ex-lateral viveu situação parecida quando time mineiro venceu Palmeiras e conquistou título da Copa do Brasil de 96

Para o Cruzeiro ser campeão da Copa do Brasil em 2014 nesta quarta-feira, o time precisa vencer o Atlético-MG por três gols de diferença, uma vez que perdeu por 2 a 0 no primeiro jogo da final realizado no estádio Independência. Por dois tentos, a decisão vai para a disputa de pênaltis.

E não é a primeira vez que o time celeste tem que reverter uma situação adversa como essa. O ex-lateral-direito Vitor lembrou que em 1996, na mesma competição, derrotou o Palmeiras e conquistou o título. Ele vê muitas semelhanças entre essa equipe e aquela.

“Eu vejo hoje que o Atlético-MG tem a vantagem, mas o Cruzeiro vai ser o que é acostumado: valente. Vai ser como aconteceu em 96 quando fomos lá ao Parque Antarctica onde o Palmeiras era favorito. Mas quando começou o jogo, estávamos consciente que se a gente não tivesse atenção nas bolas paradas, errasse menos,  tínhamos grande chance de surpreender o Palmeiras. Foi isso que aconteceu”, disse em entrevista exclusiva ao Portal da Band.

Vitor inclusive lembrou que Levir Culpi foi quem levou o Cruzeiro a conquistar o caneco e, curiosamente, hoje está do outro lado. “Eu conheço o Levir Culpi, que é uma pessoa muito calma. O caráter dele, o trabalho, é demais. A forma como ele conquista o atleta eu nunca vi. Para mim foi o Telê, que era mais rígido, severo, e o Levir é mais na conversa”.

O ex-camisa 2 não escondeu para quem vai torcer nessa decisão. “Meu coração é cruzeirense, porque o Cruzeiro me proporcionou quatro títulos”, lembrou. Pela equipe Celeste, além do título da Copa do Brasil de 1996, foi bicampeão Mineiro (96/97) e da Libertadores de 97.

Vitor não acredita que a decisão vai ter muitos gols. “Eu acredito em um jogo de muita marcação, com jogadas individuais principalmente pelas laterais”.

Para o ex-lateral, o time Celeste tem capacidade para virar o jogo. “Eu acredito muito no Cruzeiro, principalmente pelas jogadas de linha de fundo”, lembrando principalmente Mayke, seu sucessor. “Eu, apesar de não ser especialista em bola parada, tinha a agressividade no apoio, alçava as bolas na área”.

Confira a entrevista completa a seguir:

Portal da Band: O que podemos esperar da final entre Cruzeiro e Atlético-MG?
Vitor:
Eu assisti ao primeiro jogo, no Independência, que sobrecarregou um pouco o Cruzeiro. O Atlético-MG estava melhor e o Cruzeiro se abateu um pouco. Com isso, o rival tirou proveito. Mas eu acredito muito que, jogando no Mineirão, o Cruzeiro pode ganhar esse título. Claro que tudo pode acontecer, mas falando de Belo Horizonte onde estive por dois anos, sou cruzeirense. O Marcelo Oliveira é um treinador que vem fazendo história no clube. Meu coração é cruzeirense, porque o Cruzeiro me proporcionou quatro títulos. Mas claro que se o Atlético-MG for campeão fico feliz também pelo treinador que me acolheu bem no Cruzeiro, clube em que aprendi muito e faz parte da minha história também.

Portal da Band: A vantagem do Atlético-MG é grande?
Vitor:
Não vejo. Nos jogos contra Flamengo e Corinthians eles tinham vantagem e está provado que no futebol tudo pode acontecer. Eu, sempre nas equipes que eu atuei, estava disputando finais, que são sempre decididas em detalhes. A equipe que tiver mais atenção e menos falhas pode ter a consagração. O Atlético-MG mostrou a sua força no primeiro jogo, mas também foi privilegiado. Quando se trata de final você tem que aproveitar as oportunidades. Quando elas vêm você não pode deixar passar para depois não sofrer, lamentar.

Portal da Band: Sempre o Galo precisou reverter uma adversidade e agora o lado inverteu para o Cruzeiro. Como você vê isso?
Vitor:
O Cruzeiro tem que estar bem preparado no lado emocional. E para o atleta isso é tudo. Os atletas têm que ter a cabeça no lugar e procurar sempre atacar, principalmente nos 15 primeiros minutos. Se fizer o gol ajuda muito pelo lado emocional e a partida fica totalmente diferente.

Portal da Band: Você estava no Cruzeiro da virada em 1996 contra o Palmeiras. O que você lembra daquele jogo?
Vitor:
Fomos lá para o Parque Antarctica aonde o Palmeiras era favorito. Quando começou o jogo a gente estava consciente que se a gente tivesse atenção nas bolas paradas, errasse menos, a gente tinha grande chance de surpreender o Palmeiras. Foi isso que aconteceu. Nós erramos menos jogando fora de casa e estávamos mais equilibrados. Você só conta a história quando ganha e fui um jogador privilegiado, pois passei por clubes vencedores como Cruzeiro, São Paulo e Corinthians.  

Portal da Band: A receita da virada de 96 para o Cruzeiro vale pra agora?
Vitor:
Vale porque naquele jogo o favoritismo era todo do Palmeiras pelos nomes dos jogadores que o time paulista tinha. O Atlético-MG tem a vantagem, mas o Cruzeiro vai ser o que é acostumado: valente. O Cruzeiro só não ganha o título na decisão se errar muito, porque vacilar em uma final é imperdoável. Tem erros que você não consegue recuperar mais. Da mesma forma que eu conquistei títulos, eu também cometi erros, como no Mundial de 98 pelo Vasco. Eu me recuperei de uma lesão, voltei confiante, entrei no segundo tempo e cometi um erro que ocasionou no gol do Raul, do Real Madrid. Faz parte. O jogador de futebol convive com isso.

Portal da Band: O Levir Culpi foi seu treinador no Cruzeiro. O que pode falar dele?
Vitor:
Eu conheço o Levir Culpi, que é uma pessoa muito calma. O caráter dele, o trabalho. A forma como ele conquista o atleta eu nunca vi. Para mim ele e o Telê Santana foram os melhores técnicos com quem trabalhei. O Telê era mais rígido, severo, e o Levir é mais na conversa. Ele dizia: ‘confio na tua qualidade, na tua força’. São essas coisas que motivam o atleta. O que o Levir passou para mim eu aprendi.

Portal da Band: O fato de você ter vindo do Corinthians para o Cruzeiro e enfrentando o Palmeiras, a pressão em cima de você foi maior?
Vitor:
Sem dúvida, porque claro você vindo de São Paulo para o Cruzeiro e jogar contra o Palmeiras, a torcida foi contra, pois era uma final e eu jogava sempre contra o Palmeiras. Eles me viram sendo derrotados, sabendo das glórias que tive em cima do Palmeiras, campeão paulista, jogos importantes.

Portal da Band: Quem é candidato a herói se o Cruzeiro for campeão?
Vitor:
Eu acredito muito no Cruzeiro, principalmente pelas jogadas de linha de fundo. Prefiro não citar quem vai fazer a diferença. Tudo o que o Cruzeiro vem fazendo até agora é jogar como uma equipe sem um destaque individual. O forte é o conjunto. O ataque é forte, com velocidade, os laterais apoiam bem.

Portal da Band: Acredita em um jogo fechado na final?
Vitor:
Eu acredito em um jogo de muita marcação, com jogadas individuais principalmente pelos laterais. O time que tiver mais agressividade é que vai ser campeão.

Portal da Band: Você vê alguma semelhança entre você e o Mayke?
Vitor:
Eu fico feliz de você estar falando isso, porque as jogadas de fundo e de bola parada o Mayke faz bem. Eu, apesar de não ter sido especialista em bola parada, tinha a agressividade no apoio, alçava as bolas na área. E é isso que faz a diferença. Os laterais que apoiam hoje garantem praticamente meio gol. A outra parte do time precisa colocar a bola para dentro. Gosto muito do Mayke e fico feliz que o Cruzeiro está bem servido de lateral. Eu me inspirava no Balu, que jogou também pelo Cruzeiro, e a minha estreia pelo São Paulo foi contra o Balu, no Mineirão. Nós viramos o jogo para 2 a 1. Eu entrei no segundo tempo e tive o privilégio de pegar a camisa do Balu. É legal se inspirar laterais que você vê jogando. Fico feliz e honrado com a comparação.

Portal da Band: Como você vê o clássico com uma só torcida?
Vitor:
Eu não fiquei feliz, mas pela segurança eu fico um pouco mais tranquilo. Fico triste porque ver as duas torcidas juntas é bem bonito, mas infelizmente hoje no país, a sociedade não se comporta com carinho e atenção.

Portal da Band: O que você está fazendo atualmente?
Vitor:
Hoje eu faço um trabalho de formação com garotos de 14 a 20 anos em Mogi Guaçu, próximo a Campinas, dando condições melhores para que possam fazer boas avaliações nos clubes. Muitas vezes os garotos não estão preparados ainda e eu dou essas condições a eles. 

 

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