Seleção não deve ter psicólogo, indica Dunga
Treinador da seleção acredita que esse tipo de trabalho deve ser iniciado com os jovens e que mais experientes podem ter receio
Da Redação, com Canal Livre - 1/09/2014 - 14:30
Dunga acredita que tempo de trabalho na seleção é muito curto para psicólogos (Foto: Mario Henrique de Oliveira / Portal da Band)
Na reta final de preparação do Brasil para a Copa do Mundo deste ano, chamou atenção o fato de uma psicóloga ser chamada pelo então técnico Felipão para conversar com os jogadores. Era um temor com o desequilíbrio emocional dos jogadores diante de uma grande competição. Mas isso não preocupa Dunga, que voltou para o cargo de treinador da seleção e conforme indicou, ele não deve fazer uso do mesmo artificio.
“Não que eu não acredite no trabalho do psicólogo, eu acredito, mas acredito em um longo prazo, coisas que não vamos ter na seleção. É sempre pouco tempo que teremos juntos. Acredito também que esse é um trabalho que deve ser iniciado com os jovens de 15 anos. Muitas vezes não adianta fazer com o cara de 30. Ele pode ficar receoso e ai não funciona”, disse Dunga em entrevista ao programa Canal Livre.
Para o treinador, o curto tempo é o principal motivo para isso. “Vou ter dois dias com os jogadores e vou ter que treinar. E onde eu encaixo esse trabalho com a quantidade de informação que ele ainda vai ter que absorver?”, questiona.
Ele ainda alerta para a cobrança que será feita com seleção após o fiasco da Copa. Segundo ele, ela será a mesma de sempre e é preciso que os jogadores estejam preparados. Dunga também diz que o jogador para estar em sua seleção vai ter que render nos clubes e mostrar principalmente uma regularidade grande.
“A cobrança vai continuar sendo a mesma, porque o torcedor gosta da seleção. Claro que depois dos 7 a 1 todo mundo ficou em choque, mas foi um acidente. A cobrança vem daquilo que se gosta e vamos ter que reconquistar ela. Temos que estar preparado para isso. Até chegar na seleção tu é bonito, quando chega começa a ficar feio, ai é que vai ter que mostrar personalidade e ser forte emocionalmente, porque na seleção você vai ter pouco tempo para mostrar. No clube você tem o ano todo. Tem muito jogador que começa a acreditar em tudo que lhe dizem, que ele é bom, que ele é ruim. O que falarem nunca vai a ser verdade 100%”, declarou.
Comparando com a Europa, Dunga acredita que a cobrança no Brasil é muito maior e que até por isso os jogadores que atuam em outros países tem que ficara mais atentos.
“O europeu não é tão cobrado quanto o brasileiro. Lá a cobrança é mais tranquila, é na hora do jogo, depois que acabou, acabou. O brasileiro vive 24 horas isso. Quando se ganha está tudo certo, quando perde começam a vasculhar os defeitos. Temos que melhorar os defeitos depois das vitórias também”, opinou.