Executivo da Traffic nos EUA se declara inocente

Membro da companhia brasileira está entre os 14 acusados em caso de corrupção que abalou a Fifa

O chefe da companhia brasileira de marketing esportivo Traffic nos Estados Unidos declarou-se inocente em um tribunal de Nova York, nesta sexta-feira, em relação a acusações de suborno. Ele está entre as 14 pessoas acusadas em um caso de corrupção que abalou a Fifa nesta semana.

Aaron Davidson, de 44 anos, chefe de uma unidade do Grupo Traffic nos Estados Unidos, localizada em Miami, é acusado de pagar milhões de dólares para garantir lucrativos contratos para direitos de mídia e marketing de partidas de futebol. 

Davidson compareceu perante a juíza Cheryl Pollak, na corte federal do Brooklyn. Sua próxima aparição na corte está marcada para 17 de julho. 

Promotores acusaram Davison de conseguir contratos no valor de mais de US$ 35 milhões para a unidade do Grupo Traffic que ele administrava, após pagar suborno para Jeffrey Webb, um vice-presidente da Fifa.

O dono do Grupo Traffic, José Hawilla, já se declarou culpado de fraude conspiratória, obstrução de justiça e outras acusações.

Um inquérito anunciado na quarta-feira indiciou outros quatro executivos e nove representantes da federação internacional de futebol.

Sete dos 14 réus, incluindo Webb, foram presos por autoridades suíças em Zurique. O ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner entregou-se para a polícia em Trindad e Tobago na quarta-feira.

Entenda o caso

Investigações conduzidas pelo FBI, nos EUA, culminaram na prisão de sete dirigentes de peso no futebol em Zurique, na Suíça. Reunidos para a eleição do próximo presidente da entidade, os cartolas foram detidos pela polícia suíça no hotel Baur au Lac. Entre eles, está o ex-presidente da CBF entre 2012 e 2015 e atual vice da entidade, José Maria Marin.

No total, a investigação chegou a 14 nomes. Além dos sete dirigentes que já foram presos, sete foram indiciados. O brasileiro José Lázaro Marguiles, que seria um intermediário nas operações ilegais, é um deles. Outras quatro pessoas, incluindo o empresário José Hawilla, do grupo Traffic, são réus confessos no esquema. Dessas 18 pessoas, 11, entre elas, Marin, foram banidas pela Fifa de quaisquer atividades ligadas ao futebol.

As acusações são de extorsão, fraude, conspiração e lavagem de dinheiro para acordos em torneios como as Eliminatórias, Copa América, Libertadores e Copa do Brasil. O esquema dura, pelo menos, 20 anos e movimentou mais de US$ 150 milhões (R$ 476 milhões) até agora. O valor pode ser muito maior.

Como funcionava o esquema

Empresas de marketing esportivo subornavam dirigentes para ganhar apoio e colocar sua marca nos eventos da Fifa, Conmebol, CBF e outras entidades. Foi assim que Marin recebeu cerca de R$ 2 milhões por ano da empresa Traffic, por direitos de transmissão da Copa do Brasil, como propina, de acordo com as investigações. Marin também está envolvido em acusações de suborno de edições da Copa América até 2023.

Nem o contrato da CBF com a Nike escapou do FBI. A acusação é de pagamento de suborno em relação ao contrato da principal patrocinadora da Seleção Brasileira, que vem desde 1996. “O futebol é um belo jogo. Mas foi sequestrado. A vítima é o futebol. Essas pessoas conseguiram muito dinheiro graças ao amor que esse esporte desperta”, disse o diretor do FBI, James Comey. “Estamos dando um cartão vermelho para a Fifa”, completou Richard Webber, da Receita Federal americana.

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